domingo, 1 de agosto de 2010

O eu.

Eu sempre fui um ser altamente mutante. De tempos em tempos preciso me re-inventar; jogar todo meu guarda roupa no lixo e recomeça-lo do zero. Isso também vale para meu cabelo, que já foi de todas as cores que existem e já teve quase todos os cortes possíveis de serem feitos.
Isso talvez se deva ao fato de eu nunca ter me encontrado de fato no mundo e, por isso, tentei experimentar diversas maneiras de me comunicar com ele através da minha imagem. Ou talvez seja uma forma de ''encarnar''  novas vidas, novas formas de se conhecer e ser conhecido pelos demais.



Por isso, a idéia de assumir a mesma forma (por mais variada que essa forma seja ) me assusta um pouco, ao passo que me fascina. E me obrigará a me utilizar de outros artifícios para me entender e me colocar como indivíduo no espaço. Talvez essa peça consolide uma imagem e me torne prisioneiro dela, ou talvez ela me atormente ao ponto de eu não conseguir completar e experiência. O fato é que acredito que não passarei impune por esse projeto e creio que, ao final desse processo, serei um ser total ou parcialmente diferente do que sou hoje. 




Quando olho para o meu guarda-roupa hoje, vou me despedindo dramaticamente de minhas roupas que não me acompanharão mais por um bom tempo e penso no quão profunda essa experiência pode ser. Fico olhando para cada camiseta e calça e evocando as histórias que vivemos juntos. Ao mesmo tempo, imagino o quão maiores serão as histórias que viverei com as peças Che mba'e Pire. Talvez, no fim dessa jornada eu sinta cerca dificuldade de abandonar essas peças para assumir uma nova forma de me vestir (e talvez eu não precise disso). Mas o fato é que, dentre minhas roupas que serão abandonadas no limbo de meu armário por seis meses, duas me fazem sentir mais dor no coração: minha camiseta dos Ramones e do David Bowie. Um minuto de silêncio por vocês.






No mais, estou me preparando para emergir em uma experiência nova, sem saber ao certo para onde ela irá me levar. Sempre gostei da idéia de viver as coisas por mim mesmo, e, por isso, achei fundamental estudar a importância do vestuário em nossa vida quotidiana em minha própria pele, em Che mba'e pire. Encaro esse processo como um rito de passagem para uma ''vida adulta'' (ou um entendimento mais adulto e aprofundado da experiência de se vestir e da moda em geral).

Um comentário:

  1. isso pode parecer um dramalhão bem mexicano, mas estudando o todo poder que uma roupa tem, isso é quase uma revolução!
    Eu to ansioso pra ver você pirar...hauhauhuha

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