segunda-feira, 15 de novembro de 2010

I wanna be sedated.

Hoje vesti minha velha camiseta dos Ramones com uma calça jeans, pois estava pensando muito a respeito do que escrevi, sobre não saber o que ia vestir depois que passasse o tcc. Pois eu tinha essa sensação fazendo pequenas expeiências, mas asim, eu sempre vestia uma camiseta qualquer com a calça do tcc ou o contrário (uma calça com a camiseta). Eu não tinha vestido antes um look completo que estivesse fora do tcc (em casa fique dito). E hoje eu o fiz. Para sentir como seria minha reabilitação.
Eu não consigo descrever a sensação de liberdade que eu senti/estou sentindo. É incrível! É mais do que sensacional. Foi como um reencontro comigo mesmo.Com um amigo antigo, sei lá. Foi como um orgasmo prolongado.E isso me fez pensar, me fez perceber: eu não aguento mais. Foi então que eu pensei em chutar o balde e sair de casa assim, como eu estava, de camiseta e calça jeans. Mas qual não foi minha surpresa ao perceber que eu não consegui passar do portão. Senti-me observado! Encurralado, julgado! Como se o ar a minha volta olhase para mim e dissesse: ''Ahá você está abandonando sua pesquisa!''.
Eu sei que o julgamento vinha de mim, mas o fato é que eu não consegui sair de casa, com ou sem a peça. E isso me fez perceber que cheguei a um extremo. Tornei-me prisioneiro de uma imagem que eu criei.
Isso não está certo... ou está certíssimo. Assim, pensando no lado da pesquisa, é uma coisa muito interessante a se constatar. E creio que isso vai dar muito pano pra manga na hora de escrever meu tcc. Mas pensando na minha sanidade mental... bem é melhor não pensar por esse lado...Eu admito: não aguento mais. Hoje é a proclamaçao da república e assim como os democrátas vou aplicar um golpe de estado anarquista na minha pesquisa acadêmica.
Afinal de contas eu sempre fui anarquista e nunca gostei da idéia de seguir ordens.... mesmo que viessem de mim mesmo. A lei da única roupa está deposta e meu espírito livre para se manifestar como desejar. Eu gostaria MESMO de levar isso até o fim... mas eu cheguei lá (no meu limite)..
O TCC em si não está perdido, ao contrário, acredito que ele ganhe mais força aqui e agora, pois, o fato de eu não conseguir levar a ex[eriência até o final tem muito mais força e discurso do que levá-la até o fim normalmente. Reflita sobre isso.
Mas o fato e que, quando você estiver lendo esse post eu já estare livre e serelepe correndo pelos campos verdejantes do além! =D


O Blog vai continuar na ativa. Pretendo postar os primeiros dias da minha volta ao vestuário.
=**


domingo, 14 de novembro de 2010

Mais domingos e mais discursos

Bem, eu estou resistindo. É verdade que não ando tirando fotos, mas, como já disse, a forma da roupa anda se repetindo e meu dia a dia anda correndo em um ritmo em que eu não consigo acompanhar. Logo estou me reservando ao direito de fotografar apenas os momentos que eu julgo relevantes, como hoje.
Mas essa não é a discução mais importante para o momento. O mais importante é o relato atual:
Eu ando muito ansioso pela minha libertação, e sei que ela está prestes a chegar (sim, dois meses passam muito rápido). E agora me vejo diante de uma situação que eu não esperava encontrar: eu simplesmente NÃO SEI o que vou vestir! Aqui em casa andei vestindo algumas das minhas velhas roupinhas e me encarando diante do espelho e o susto: eu não reconheço o que vejo. Eu não sei como me reconhecer sem essa peça. Não sei como será minha reabilitação ao universo do vestimento normal.
Parece estranho me ver falar isso, mas acreditem é muito real. Minha auto imagem e minha postura mudaram tanto, MAS TANTO, que eu penso que minha roupas antigas não cabem mais em mim... pelo menos não no ''eu'' que enxergo agora. E eu não sei direito o que caberia nesse ser. Ou seja, eu preciso de um tempo de adaptação ao fato de poder me vestir!
E esse período está começando de agora. Estou trabalhando na minha cabeça a possibilidade e tentando desenhar algumas possibilidades para serem produzidas em dezembro. E sabem de uma coisa? Eu me acostumei a me isentar da responsabilidade daquilo que visto. Porque durante a experiência, não importava onde eu estivesse ou o que estivesse fazendo, eu sempre tinha o poder do discurso do TCC pra dizer: oi, estou vestido assim porque esse é meu projeto de pesquisa. Então estava sempre tudo ok, porque eu não precisava, em absoluto estar adaptado ou ''bem vestido'' em nenhuma ocasião. Porque a minha ocasião era o TCC e nada mais. E agora eu percebi o quanto essa posição é comoda! E o quanto eu me adaptei a ela!
Se eu vou sair, se vou trabalhar, se vou estudar, nada faz diferença, porque estou sempre com a mesma pele! Mas depois disso, eu voltarei a ter de escolher o que vai se adaptar melhor a cada situação, e então a forma como irei me portar diante do mundo volta a ser uma responsabilidade minha e não mais o fruto de um ojeto de estudo?
Será que dá pra entender o que quero dizer? Será que alguém consegue compreender a profundidade disso? Ou eu estou realmente surtando nessa experiência e dando a ela um peso muito maior do que ela realmente tem?
Olha, eu vou dizer uma coisa, não é fácil NÃO dar as coisas um peso maior do que elas realmente têm enquanto se está vivendo isso aqui... e isso talves seja um indicio de que esse ''peso maior'' talves seja realmente ''maior'' e que, na verdade, nós demos a ele um peso menor.... fui confuso agora? Enfim, Volte e leia a frase mais umas cinco vezes e eu tenho certeza que você vai entender. Tenha fé.
Voltando ao assunto. Estou diante dessa questão: preciso me adaptar a realidade de me vestir como quiser. uma porque tenho uma nova auto-imagem, que exige, de certa forma um novo jeito de me vestir. E outra porque não sei mais escolher o que usar. Vou ter que reaprender tudo.
No mais aceito sugestões para a construção do meu novo guarda-roupa... e possíveis doações também.
Por agora chega.
Tem foto aí:







domingo, 31 de outubro de 2010

Domingo e o desabafo

Eu estou cogitando a possibilidade de desistir... de verdade.'Daria TUDO por uma camiseta branca e uma calça jeans, juro que daria. Mas como eu me conheço eu acho difícil que eu realmente desista, mas quero deixar registrado: estou sofrendo com essa palhaçada hiuahaiua. Não tá facil pra ninguém.
Minha auto imagem está completamente mudada, eu me sinto outra pessoa, me vejo com outros olhos. Não sou a mesma pessoa que começou a experiência, hoje sou outro, com outro jeito de olhar. É engraçado, eu sabia desde o começo que alguma mudança ia ocorrer, mas a mudança que ocorreu de fato foi muito maior do que a esperada.
As vezes, como agora, eu me sinto sufocado com essa opressão de não poder vestir o que quero. Tanto que nem sinto ânimo para experimentar formas diferentes da roupa ou jeitos novos de usá-la. Essa coisa de brincar com a peça já não faz mas muito sentido para mim... pelo menos não por agora. Por enquanto venho usando-a da forma mais simples possível. Diria que a experiência está no piloto automático. Estou simplesmente me ceixando levar e esperando o tempo passar enquanto desenho e projeto as roupas que usarei quando tudo acabar.
Talvez isso seja um ponto importante, mas hoje eu tenho uma noçao MUITO MAIS CLARA de o que gosto e quero vestir. Estou desenhando uma mini coleção para refazer meu guarda-roupa em dezembro, pois assim que eu entrar de férias vou me entupir de tecidos novos e sentar diante da minha m;aquina e me preparar para janeiro, quando finalmente serei livre para me expressar como quiser.
Por hora eu estou pensando em largar tudo e dizer '' ok, a experiência já deu no que tinha que dar, agora chega, tchaubeijos''... Mas vou tentar aguentar pelo menos mais um mês. Está quase no fim. Faltam só dois meses... e isso passa tão rápido que creio que não compensa passar pela vergonha de ter que suicidar a experiência assim... mas estejam preparados, pode ser que eu chute tudo e desista em 5,4,3,2.... 

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Minha relação com a peça anda super ok. Já vamos entrar em novembro e a experiência está na metade. Até agora a empolgação inicial. A crise de identidade, a total mudança da minha auto-imagem e uma total reconstrução minha como indivíduo.
Pode-se pensar que é exagro, mas eu sei o quanto essa experiência me mudou e segue mudando meu modo de ver as coisas, o funcionamento da moda, da imagem, de mim e de como tudo isso se relaciona.
O fato é que tudo mudou na minha cabeça  hoje eu nem acho mais tão importante tirar fotos repetidas dos looks ou tentar propor looks novos. É engraçado mas, nesse momento, a peça em si não significa muita coisa para mim.
O que realmente anda me importanto é a peça que veste a roupa, meu corpo e meu eu, que anda em constante mudança e fase de auto-aceitação.
Por hoje é só.




domingo, 10 de outubro de 2010

Ah O fim de semana

Bem, essa semana eu realmente fiz as pazes com a roupa. Estamos nos dando super bem e voltando a ser amigos. Mas eu estou sentindo que vou precisar fazer mais três peças por conta do desgaste. Sabe lá deus quando eu vou ter tempo pra isso, mas enfim, eu sinto que essas roupinhas estão gaaaaastas e pedindo um descanço . Por isso pretendo fazer mais três para usá-las nos próximos três meses.
Mas essa é uma coisa a se pensar; será mesmo válido fazer isso? Ou seria interessante admitir o envelhecimento e desgaste da roupa como uma parte da experiência? Ou apenas a forma ímutável já seria o bastante para que a experiência fosse completa?
Bem enquanto eu não tenho essas respostas vou lovendo como tá. Até porque tempo pra fazer isso por agora eu não vou ter. Deixo a pergunta no ar.

(Eu já não lembro mais exatamente em que dia da semana eu usei o que)









Vou confessar aqui uma gafe fotográfica. Sábado eu me acabei na esbórnia e lá eu brinquei horrores com a roupa, de tempo em tempo eu mudava de look, colocava manga, tirava manga, usava o lado vermelho, depois o preto, usava a calça cada hora de um jeito e etc. Foi super divertido interagir com a peça de várias formas em um só ambiente. Mas sorry eu não tirei fotos. Até porque na esbórnia eu tinha mais o que fazer do que ficar me preocupando em tirar fotos... mas enfim, agora que a esbórnia passou eu fiquei arrependido por não ter tirado fotos de todas as mudanças que eu assumi no mesmo ambiente...

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Algumas reflexões

Andei pensando um pouco sobre as outras experiências parecidas com essa que já aconteceram por aí e reparei em um pequeno detalhe quase insignificante: essa experiência sempre foi vivida ou proposta por mulheres. Eu nunca vi essa experiência do uniforme ser feita por um homem antes... quer dizer, estou vendo isso acontecer todos os dias, mas enfim.
Eu não sei revelar o grau de importância disso, mas pra alguma coisa deve valer... eu acho...
Mas  perceber isso me fez pensar em algumas coisas (nenhuma delas importante), e hoje estava conversando com a Melina na faculdade sobre isso (só pra constar pra quem não pegou no ar: Melina é uma menina que faz faculdade comigo OOHHHH). Que, aparentemente, essa experiência é mais fácil para mulheres, uma vez que o vestido é, por si só, uma peça mais versátil, e que o uso de acessórios que possam modificá-lo é mais possível, provável e fácil de imaginar... teoricamente....
Eu não sei até que ponto acredito nisso também, até porque eu nunca me prendi muito a essas questões de gênero e nunca me preocupei se tal coisa que eu quero de usar é considerada socialmente como coisa ''de mulher'' ou ''de homem''. Mas de fato aqcho que pensar numa camiseta e numa calça que fossem multantes foi mais dificil do que seria ter pensando em um vestido com a mesma característica.
Mas nada disso me chama muita atenção não. O único fato realmente gritante até agora é que eu tinha uma auto imagem antes disso tudo começar e tenho uma auto imagem completamente diferente agora. E acredito que vou concentrar meu tcc nisso...
Seguem as fotos desses dias aí:








Estampa do Gerson Passos =D.
Por hoje é só. Tchau beijos.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

De volta das cinzas

Minha dignidade está de volta e, com ela, as fotos do diário de bordo. Assisti a uns documentários sobre cultura indígena que me motivaram muito a voltar com força para a experiência. As discuções de domingo também voltam em breve... assim que eu me organizar melhor.
Ando sentindo necessidade de falar algumas coisas sobre: uma delas é que vocês não têm noção do processo de auto-conhecimento corporal que eu estou vivendo. Ainda não estou sabendo verbalizar direito isso, acho que vou precisar de algumas referências para tal, mas a coisa está ficando muito profunda. Minha auto-imagem está completamente mudada. Minhas referências estão outras e a relação com o espelho também.

(Segunda-feira)






(Sem fotos da terça-feira)
Cabe aqui uma colocação. Tive essa semana duas experiências muito expressivas com a peça, no que diz respeito ao contato com o mundo externo. Como ando frequentando os mais diversos ambientes por causa do meu novo trabalho, acabo convivendo com pessoas muito diferentes e que não têm o conhecimento da minha experiência de Tcc. Por isso eu posso, a partir delas, sentir uma reação mais expontânea do impacto causado por ela.
Uma coisa interessante foi que algumas pessoas não haviam notado que eu repetia sempre a mesma roupa, ao passo que outras perceberam o fato mas não se sentiram a vontade para expressar nenhum comentário (ou perguntar qualquer coisa). O fato é que eu já me sinto como um personagem da turma da Mônica quando abro o guarda-roupa e vejo várias roupas iguais.
Outra coisa é que andaram me elogiando bastante na rua, dizendo que tenho um estilo original e bla bla bla. Outro quesito muito importante em tempos em que a imagem é cada vez mais massificada e se fabricam pessoas iguais aos montes. Mas eu fico contente em pensar que a estética indigena possa ser atraente para pessoas que, aparentemente se encontram distanciadas dela. Até porque ninguém indentifica, de cara, os motivos das estampas da roupa e os colares que uso com a cultura indígena, por isso podem admirá-la sem pre-conceitos e, assim, perceber o quanto essas culturas podem ser ricas e interessantes estéticamente. É isso ae galere, vamos acordar para o fato de que adorno indígena não é só pena colorida. Há muito mais entre o céu e a terra...
 

(Quarta-feira)





Eu sei que eu repito muito essa forma da roupa ( vermelha estampada com colares diversos), mas é que eu gosto taaaaaaaaaanto. Não consigo (e não quero) evitar. Por hoje é só pessoal...

domingo, 26 de setembro de 2010

Chega de palhaçada.

A partir de amanhã o blog volta a funcionar normalmente. O espetáculo Copo de Leite já aconteceu, minha crise com a roupa já passou e as coisas já podem voltar ao normal.
A crise com a roupa era uma coisa que todos já esperavam, eu, sinceramente, pensei que ela fosse durar mais tempo. Mas, mesmo que ela tenha passado nesse momento duvido que ela não voltará... enfim. Ando sem saber o que escrever por aqui, creio que seja pelo tempo que não fiz isso. Mas, a partir de agora as coisas voltarão ao ritmo normal.
Pretendo fazer um ensaio fotográfico com a roupa, só pra ter umas fotinhas maisbacanas dela.
Mas isso quando deus me permitir ter tempo e ânimo... sabe-se lá quando será isso.






Que deus abençoe a América...do sul.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Desabafo master

Olha gente, vou falar, não tá fácil pra ninguém. Eu não to aguentando mais essa roupa, por isso quase não estou postando fotos, um pouco por eu estar sem tempo e outro tantão por estar evitando tirar fotos para ignorar que eu estou usando isso. Quem me vê todo dia na faculdade sabe que eu ando usando ela direitinho, mas eu ando usando-a todos os dias do mesmo jeito... quase. Prometo que vou voltar a tirar foto e atualizar direitinho semana que vem, mas realmente esses dias minha rotina está bem pesada.
No mais vou tranquilizar uma galere. Apesar de extremamente enjoado não ando pensando em desistir. Essa é uma parte do processo que eu sabia que ia acontecer. Só tenho a dizer que o processo de auto-conhecimento que essa experiência está me trazendo é quase transcedental e, se tudo der certo eu logo supero a matéria e atinjo o nirvana. Enquanto isso não acontece eu tenho que trabalhar...e muito! Tem estréia de peça que eu to participando amanhã. Depois disso eu volto a ter vida.
Bjuspratodos

domingo, 19 de setembro de 2010

Quinta-feira

Bem, como disse, continuo enjoado dessa roupa, por isso andei inventando formas novas para usá-la. Mas, de uns dias para cá esse problema tem sido o menor deles. Qualquer outro contratempo se torna quase nada quando pensamos nesse CA-LOR! Quem está em Goiânia sabe do que estou falando, quem não está dê graças aos deuses, santos, orixás e tudo o mais que for divino por isso.

(Quinta-feira)








Sexta eu estava em Porangatu-Go ministrando um mini-curso de modelagem e figurino de teatro. Não levei minha câmera porque eu tenho certo medinho de tirar ela muito tempo de casa. Mas enfim xD.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Notícias depois de um leve desaparecimento.

Bem, andei sim um pouco desaparecido, isso se deve ao fato de eu mal ter saído de casa por causa de uns trabalhos que tive que fazer. Semana passada ( a semana do feriado e do meu aniversário) fiquei costurando uns figurinos e preparando um curso de modelagem e figurino que vou dar em Porangatu(GO) no dia 17 de setembro, ou seja, sexta feira. Por isso, além de não me ausentar da minha humilde residência, não tive tempo de atualizar o blog e também não pude fazer a discução corriqueira de domingo, peço perdão desde já.
Mas agora as coisas estão parcialmente de volta ao normal e o blog está em funcionamento novamente. Alguma considerações se fazem necessárias: estou enjoado da peça. E hoje daria tudo por uma camiseta azul. Já faz mais de um mês que estou usando a Che Mba'e Pire e ainda faltam cinco para que isso acabe e o pânico está começando a se instalar. Essa semana torci o nariz para ela duas vezes e até cogitei a possibilidade de não sair de casa para não usá-la.
E, por incrível que pareça, é a face preta da roupa que me incomoda mais. O lado vermelho estampado não me irrita tanto... a calça também está me incomodando um pouco e as vezes fico super feliz ao chegar em casa e poder tirar essa roupa de mim.
Todos sabíamos que isso iria acontecer mais cedo ou mais tarde. Está acontecendo agora. Pode ser que passe em breve. Acredito que agora as formas mais interessantes de uso da peça comecem a aparecer.
Coletes e estampas novas vêm por aí... arranjos de cabeça, sapatos, colares também... tudo assim que eu tiver tempo para viver um pouquinho, por enquanto minha vida acadêmica e profissional não me possibilitam nada além de planejar.


(Segunda-feira)










(Terça-feira)



 








(Quarta-feira)







Sobre estar enjoado da peça, estive pensando que cada roupa exige, de certo modo, uma postura que a acompanhe. E a postura exigida por essa peça talvez esteja me cansando mais do que a peça em si. É interessante pensar nessa coisa de as roupas virem agregadas a uma identidade e, consequentemente a uma postura e/ou modo de agir. Não vestimos duas roupas absolutamente diferentes com duas posturas iguais (pelo menos na maioria dos casos). E essa roupa, por mais que assuma formas diferentes, carrega sempre o mesmo discurso, a mesma temática e consequentemente exige a mesma postura. E aí caímos no discurso de que usamos as roupas como máscaras para nos encenar.
Nesse caso estou ensaiando sempre o mesmo ato, repetindo  as mesmas falas e insistindo no mesmo texto. Gerando um espetáculo sem solução, que se repete, repete, repete, preso a uma realidade ilógica e distanciada do mundo...alguém sentiu uma pitada de teatro do absurdo por aí?
Não sabe o que é teatro do absurdo? Joga no google, wikpédia tá aí pra isso ;D

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Domingo....ops segunda... e o discurso

Já vai fazer um mês de uso da peça e acho que isso pede uma retrospectiva pessoal. Fico relembrando tudo que passou desde a primeira idéia até o momento atual. Já faz mais ou menos um ano que estou idealizando essa experiência e, antes dela começar de fato, aconteceram tantas coisas que parece inverossímil que eu já esteja dentro dela há um mês. Lembro-me da primeira conversa que tive com a professora Maristela, da primeira idéia de modelagem, do primeiro croqui... foi um longo caminho até chegar ao estágio atual. Alguns testes foram feitos, muitas idéias ignoradas, adaptadas... muito tempo de discussão e adaptação tanto da peça quanto da idéia original.



Meu tcc sempre foi uma preocupação Absurda. Desde o primeiro período da faculdade que eu ficava me perguntando sobre o que faria meu projeto final. A primeira idéia era analisar os uniformes de personagens em quadrinhos, depois pensei em assumir o figurino (já que trabalho com isso) e cheguei a pensar em fazer um estudo mais profundo das sociedades ameríndias e suas modificações corporais... mas nada disso me satisfazia completamente porque a maior parte dessas idéias deixavam de fora uma das coisas que eu mais gosto de trabalhar na moda: a modelagem.


E eu ficava pensando em como poderia unir todas essas coisas que eu gostava e queria estudar em uma coisa só. Foi quando a professora Maristela me emprestou o livro‘’El cuerpo diseñado’’ da Andréa Saltzman e todas as respostas foram chegando ao lugar. Estudar o corpo e o movimento e essa interação entre o indivíduo e a roupa que o veste, a relação das sociedades ameríndeas com o próprio corpo e suas modificações corporais, a fascinação por modelagens e roupas que mudam de forma e a criação de um uniforme que criasse uma idéia de identidade... tudo parecia se encaixar... e, de fato se encaixou.


Então começou a odisséia pela criação da roupa em si. Hoje, com ela pronta, parece que o caminho para chegar até ela foi simples, mas não foi. Foram seis meses de especulação e preparação até chegar ao resultado final. A escolha da modelagem, tecidos, tipo de estampa, tipo de botões, decidir onde usar zíperes, onde usar botões, onde assumir as mudanças, onde encaixar meus gostos pessoais e como pensar numa roupa que fosse suportável usar por tanto tempo, etc. Tudo parece muito simples depois de se ver o resultado final, mas o fato é que um longo caminho foi traçado até chegar aqui.


Depois veio a preparação do discurso, de como encaixar tudo que eu queria estudar num discurso só e como aplicar a peça no ambiente. Quais seriam as normas de uso, em quais situações eu poderia subverte-la (e eu como ator estabeleci duas: durante ensaios e apresentações, logicamente eu não usaria a peça =s ). Que até o final do ano não vou fazer interferências no meu cabelo, como cortar ou pintar. E se caso a peça estragasse se eu a arrumaria ou não, e eu optei por arrumar sim. E como funcionaria o blog e qual a real importância da sua existência.


Enfim, muita coisa aconteceu até chegar aqui, e agora que eu estou só usando a roupa parece tudo tão mais fácil. É quase que a hora do recreio da experiência, por que o que veio antes e o que virá depois será/foi muito mais desgastante do que o uso em si. Agora é o momento de registrar o uso, gráfica e textualmente, entrar em desespero, odiar a peça, pensar se é isso mesmo que eu quero fazer, depois repensar tudo e gostar da idéia mais que tudo, etc... (acho que o fato de eu ser uma pessoa dramática ao extremo ajuda muito).


No mais fico devendo uma reflexão mais profunda essa semana. Achei necessário dar uma relembrada na experiência e em tudo que aconteceu até hoje. E peço desculpas por não ter postado essa discussão ontem, no domingo, mas ontem foi a parada gay e eu tava me acabando na esbórnia. Se disserem que me viram jogado em alguma vala por aí tentem não acreditar...

sábado, 4 de setembro de 2010

Final da semana

Olha gente, eu ia mentir, ia dizer que só saí de casa na quinta e que não coloquei o pé na rua nem sexta nem sábado (no caso hoje). Mas eu saí de casa hoje sim, só que não tirei foto. Eu ando me esquecendo desse detalhe com certa frequência (será que é algum processo inconsiente?). Perdão. Hoje usei uma estampa doada pelo Gerson Passos, mas vou colocar uma foto da estampa aplicada à camiseta, assim da pra ter, ao menos, uma noção. =D

Quinta-Feira







(Sábado)



...

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

O decorrer dessa semana...

Bem, essa semana a crise de que eu falei no domingo desapareceu quase magicamente... plim!
Acho que escrever sobre ela me deu um alívio enorme e, depois de colocar para fora, eu tive condições de resolvê-la. Além do mais estou voltando a pensar e respirar teatro e isso me ajuda a viver melhor (não querendo desmerecer a moda, mas já desmerecendo, mas o teatro faz mais sentido para mim do que qualquer outra coisa). Estou lendo o livro '' A escuta do corpo'' que sistematiza a técnica de dança e auto conhecimento corporal do Klauss Vianna e isso tem mudado muito meus parâmetros corporais.
Mesmo essa técnica se baseando no auto conhecimento físico a partir do movimento, e não da visualidade, ando me identificando e me encontrando através dela (de uma forma que Laban não conseguiu fazer ainda). Afinal de contas, a visualidade é apenas uma das formas que temos para entender nosso corpo.

(Segunda- feira)






(Terça-Feira)







(Desculpa gente, eu me esqueci completamente de tirar fotos hoje - quarta-feira - , mas juro que não tinha nada de novo nesse look.)

Sem mais comentários por hoje. Bjus

domingo, 29 de agosto de 2010

O Domingo e o discruso: A auto-imagem e a roupa

Se a roupa é uma máscara que esconde e dissimula nosso corpo e nossa auto imagem, é evidente que uma percepção diferente do vestuário nos obrigaria a ter uma percepção diferente de nós mesmos. E é exatamente isso que o uso da Chem ba´e Pire está fazendo comigo nesse momento. Ao contrário do que eu imaginava, a primeira ´´crise´´ desencadeada pela experiência não veio do fato de eu estar enjoado da roupa ou por eu querer usar outras coisas. A primeira ´´crise´´ que tive foi um pouco pior do que eu havia previsto: uma crise de identidade.



Acredito que o fato de não ter diversas máscaras para me esconder de mim mesmo acabou por me obrigar a encarar meu eu de frente. E isso está trazendo à tona uma porção de ´´traumas´´ não resolvidos que, agora, revendicam seu lugar ao trono. A começar com minha insatisfação com minha imagem (alguém reparou que 70% das fotos do blog têm meu rosto cortado?) , minha dificuldade de lidar com as pessoas e minha tendência ao isolamento.



Ainda não sei dizer até que ponto o uso da peça influênciou o desencadeamento dessa crise, mas o fato de ela ter acontecido no meio da experiência já pode ser considerado um certo indicativo. O fato é que ando com uma certa fobia social, evitando ser visto, ouvido e lembrado por pessoas e tento evitar qualquer contato social não obrigatório (como trabalho e faculdade). Tá bom, isso não é nenhuma novidade, quem me conhece sabe que eu quase nunca saio de casa e quase nunca tenho paciência para lidar com gente. Mas não querer sair de casa é uma coisa, querer e não conseguir é bastante diferente.



Durante as primeiras semanas de uso o processo foi totalmente inverso. Estava completamente bem resolvido com minha imagem e acreditava realmente ter atingido meu ideal de vestuário. Essa peça foi toda planejada a partir dos meus gostos pessoais, a fim de concentrar nela minhas principais referências estéticas e criar uma porção de looks que traduzissem meu ideal estético: as referências étnicas, excesso de volume, versatilidade e essa mistura que permeia do elegante ao extremo urbano. Acredito, de verdade, que consegui um bom resultado, consigo ver todas essas referências na roupa. E, até pouco tempo atrás, acreditava de verdade que essa era a imagem que combinava comigo. Acreditava (e talvez ainda acredite) que era essa a maior tradução visual do que sou e/ou gostaria de ser.



Mas, nesse momento, não tenho mais certeza de quem sou ou do que gostaria de ser. E isso influencia minha relação com a roupa, pois ela traduzia um ideal de identidade que pode ter mudado (mesmo que temporariamente) e, nesse caso, como fico como indivíduo? Sei que serei obrigado a encontrar alternativas dentro da roupa para traduzir esse momento de identidade flutuante... o primeiro desafio da experiência. O primeiro desafio do indivíduo (eu) dentro da experiência.



Acredito que todos já tenham passado por um momento parecido com esse, quando olhamos para nossas roupas e pensamos que nenhuma delas combina conosco, que nenhuma delas é capaz de nos satisfazer (porque algo está insatisfeito dentro de nós e essa insatisfação interna ultrapassa a barreira da pele para permear nossa imagem e nossa roupa). E como lidar com esse momento usando a Chem ba´e Pire? Eu ainda não sei. Vou arriscar um palpite: creio que repetirei o mesmo looks durante vários dias, buscando uma maior neutralidade para a peça e para mim mesmo. Acredito que é o que faria se tivesse outras opções do que vestir: buscaria o mais báscio, ´´anularia´´ minha imagem até a crise passar e depois voltaria a assumir alguma expressão no vestuário. Mas isso é só um palpite, essa experiência é orgânica e acontece por si mesma.



O fato é que a peça está se transformando, está rastejando do seu primeiro nível de encantamento e caindo, de fato, no cotidiano e, talvez, começando a se tornar um fardo. Está me obrigando a encarar meu rosto limpo e, aos poucos me obrigará a entendê-lo também. Fico pensando em como seria a experiência de encarar o não vestuário, e já penso em me infiltrar numa sociedade naturalista por uns tempos para experimentar como seria a experiência de não ter, em absoluto, nenhum vestuário que me proteja de mim mesmo... mas esses são planos futuros, por hora vou me concentrar na experiência de não ter escolha do que vestir. Por hora vou tentar resolver meu pânico por existir, e tentar entender até onde o vestuário influência isso, pois se nos vestimos para existir em sociedade, podemos nos vestir também para ter medo de existir...

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Bem, meu humor continua instável, e hoje, especificamente, estou numa leve melancolia poética, digamos assim. Estou em crise com minha imagem, não com a roupa em si, (até porque essa roupa é uma das únicas coisas que ando gostando em mim ultimamente) mas com toda a composição de imagem que não acompanha o vestuário, como postura, voz, corpo, etc. Não sei se combino comigo mesmo, se hajo como sou. Ando tentando analisar a imagem que passo e o quanto ela combina, ou não, com a imagem que tenho de mim. Não sei se me explico bem, mas o fato de ter que prestar mais atenção em mim fez com que eu refletisse melhor minha imagem, meu corpo e minha postura, e ainda não estou satisfeito com os resultados dessa reflexão.


Quarta - Feira








Quinta - Feira







(Sexta - Feira não saí de casa - tá, é mentira, eu saí sim, mas não tirei foto ;D )

...


Acredito que o fato de não ter muitas roupas para disfarçar e esconder minhas insatisfações pessoais está me obrigando a encará-las de frente e só deus sabe onde isso pode parar. Mas essa discução será mais aprofundada no domingo, por hora o post fica por aqui.

Ps: Só para dividir o contentamento: hoje encontrei um alfaiate disposto a me ensinar suas técnicas de alfaiataria, ele me disse para ir no atelier dele na próxima semana. Supimpa, neh? =D

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Bem, eu sei que fico me desmentindo o tempo todo, digo que vou fazer uma coisa e faço outra, mas enfim, estou atualizando na terça e não na quarta.  Achei que já tinham muitas fotos em dois dias e não queria fazer um post muiiiiito enorme amanhã. Então provavelmente vou atualizar novamente na quinta e no domingo... provavelmente....
Pra começar dois comentários bobos e óbvios: ontem, segunda-feira, usei uma estampa que o Sérgio me deu. Eu sei que devia tomar vergonha na cara e colocar os cochetes nas camisas logo para elas poderem ficar com a gola mais fechada, mas quem disse que eu tenho tempo/paciência? Poisé, não tenho, por isso pode ser que esses cochetes só sejam colocados daqui uns dois ou três meses...#fatao

(Segunda-feira)








(Terça-feira)















Usar essa peça constantemente me tirou a possibilidade do uso de várias máscaras. Por isso estou ''sendo obrigado'' a prestar mais atenção ao meu corpo do que costumava fazer antes (também porque agora sou obrigado a tirar fotos de mim todos os dias, coisa que não estava acostumado a fazer). E isso vêm desencadeando algumas crises alternadas de alta e baixa auto-estima. Por sempre usar a roupa como escudo para me esconder do espelho, eu nunca tinha parado para pensar muito no impacto visual causado pelo corpo, e hoje percebo que tinha uma imagem completamente ilusória de mim mesmo... me enxergava de uma maneira completamente diferente da imagem que realmente apresento... o que é muito engraçado porque com tantos anos de dança e teatro e estudos do corpo eu deveria, teoricamente, possuir uma auto imagem mais bem resolvida.
Mas o fato é que eu não tinha(ou tenho). Apesar de um bom domínio do meu movimento eu nunca tive um bom domínio da minha imagem e agora estou tendo que contruir isso. Então preparem-se, meu humor está começando a ficar instável e isso pode não ser muito divertido para quem convive diáriamente comigo... estejam avisados ;*